História

Quando a história da luz se escreve com o vidro em um atelier de vitral em Lyon, Vitrail Saint-Georges

Nascido em uma família de serralheiros, originários de Saint-Chamond (Loire), Jean-Baptiste Barrelon (18 de outubro de 1818 – 31 de setembro de 1885) se formou na escola de Belas-Artes de Lyon com as honras de uma medalha de prata conquistada na aula de pintura de Bonnefond. Após uma estada de alguns anos em Paris onde tournou-se aluno do pintor Charles Gleyre (1806 – 1874) (Gleyre Marc-Gabriel foi professor entre outros, de Renoir, Monet, Sisley), a partir de 1845 Jean-Baptiste estudou com o pintor de vitrais Alexandre Mauvernay (1810-1898) instalado em Saint-Galmier (Loire).

Sete anos mais tarde, em sociedade com Bessac e com o pintor Joséphus Veyrat, montou sua própria empresa em Grigny, a uma dezena de quilômetros de Lyon. Esta associação precisou ser dissolvida onze anos mais tarde, deixando Barrelon como o único a assinar os vitrais produzidos a partir de 1864. Ele realizou o conjunto de vitrais da igreja Saint-Antoine em Vaugneray (1864-1865), trabalhou para as cidades de Brindas (1871), Bully, Chaussan, Saint-Genis-Laval, Saint-Maurice-sur-Dargoire (1856), entre outras.

Até a retomada do atelier em junho de 1878 por um de seus funcionários, Georges Nicolas Dufêtre, a empresa Barrelon ampliou cada vez mais seu campo de ação trabalhando em países como a Irlanda, a Itália, inclusive a longínqua Nova Caledônia. Mas durante toda a sua carreira, Barrelon manteve um interesse constante pelo que acontecia na sua região. Aliás, mesmo tendo produzido muito para o departamento do Loire, o Oeste lionês não se encontra desprovido de vitrais que saíram do atelier Barrelon, e que estão até hoje em seus locais originais.

Georges Dufêtre foi um dos operários de Barrelon (empregado em 10 de fevereiro de 1864) e sucedeu-o oficialmente em 1885. Logo ele assinou em 1877 o conjunto de vitrais de Messimy enquanto ainda trabalhava para Barreton. Os livros de contabilidade de Barreton conservam detalhes das faturas enviadas ao Senhor Blanc, padre de Messimy. O mesmo acontece em relação aos vitrais da Igreja de Orliénas realizados em 1875. Em 1885, então trabalhando por conta própria, ele pintou a maior parte dos vitrais da igreja de Saint-Laurent-de-Vaux, os da capela da instituição Querbes em Vourles, os de Beaunant (atualmente desaparecidos), e alguns vitrais em Sarcey.

A produção de Dufêtre se situa num período muito menos favorável que a de Barrelon, por causa do fim das grandes obras religiosas. Ele deixou Grigny em 1885 para estabelecer-se no número 122 da rua Saint-Georges em Lyon.

Este atelier foi retomado por Paul Nicod em 1898, sucessão esta notificada por uma circular enviada aos clientes e datada de 24 de junho. De 1901 a 1918, ele tornou-se sócio de Jean Jubin, irmão de Antoine Jubin o “andarilho dos Monts du Lyonnais”, bastante conhecido na região. Este último dedicou-lhe um poema: “Ao meu irmão, Em Saint-André vemos o apóstolo em sua vidraça enquanto o mártir abençoa sua nobre cruz, em Riverie também, Jean, são três de teus vitrais que aparecem em suas molduras de pedra”.

Alguns vitrais das igrejas de Chaponost, Charbonnières, Saint-Genis-Laval, Riverie, Sain-Bel e Yzeron foram assinados por Nicod e Jubin (3).

Em consequência das condições socio-econômicas provocadas pela 1ª Guerra Mundial (1914-1918), Paul Nicod teve a ideia de reunir seus confrades em 1919 e enviou-lhes uma carta circular onde lhes dizia, entre outras coisas: “… os acontecimentos recentes colocam para todos alguns problemas que temos urgência em resolver. Em todas as partes reúnem-se estados e indivíduos, os senhores não acham que nossa pequena corporação de mestres pintores-vitralistas de Lyon poderia ajudar na construção da paz? Se esta também é a vossa opinião, venham assistir à reunião para discutir os interesses de nossa corporação, a fim de melhorar nossa existência e a de nossos colaboradores e operários… “. A proposta parece ter sido bem acolhida tendo em vista o número de respostas favoráveis que ele recebeu (4).

Por volta de 1936, o atelier foi novamente retomado por Joséphine Lamy Paillet. Esta mulher pintora-vitralista dedicou 20 anos de sua vida aos vitrais de Saint-Bonaventure. As igrejas de Sain-Bel, Sarcey, Saint-Pierre-la-Palud possuem igualmente vitrais assinados por ela.

Em 1979, Joël MÔNE (http://www.mone.fr) tornou-se amigo da Senhora Lamy-Paillet após um encontro em torno de um projeto de vitral que veio a ser executado somente 30 anos mais tarde, após a morte de seu comanditário, através de um dispositivo de seu testamento. Durante os anos seguintes ele aprendeu todo o “know-how” transmitido desde Barrelon. Ele evoluiu junto à Joséphine Lamy Paillet antes de criar o Atelier Vitrail St-Georges, um nome que designa a personalidade e o local onde fica o atelier (Vieux Lyon, bairro mais antigo da cidade de Lyon). O Atelier foi instalado primeiro no número 52 da rua St-Georges (Lyon 5° distrito) antes de se mudar para o número 21 do caís Fulchiron em 1990, para poder se expandir.

Trabalhar a transparência e a perspectiva ao mesmo tempo? Impossível segundo os mestres vitralistas que Joël Mône encontrou!  Premido por este desafio, ele trabalhou neste sentido e deu origem a uma nova percepção do vitral: “A perspectiva da Transparência”. Para tanto, ele destacou o trabalho de grande precisão da luz e da cor, associado ao jogo de linhas. Equilibradas desta forma, as cores deram a Joël Mône a capacidade de criar esta perspectiva e este relevo, mantendo a potência luminosa própria dos vitrais da Idade Média. Vitrais que conservam sua transparência ao contrário dos vitrais dos pintores vitralistas desde o Renascimento.

É por isto que em 2007, Joël Mône editou por conta própria um livro intitulado “La perspective de la Transparence” (A perspectiva da transparência, inédito no Brasil) no qual ele explica de maneira detalhada o caminho da descoberta e do trabalho de sua técnica.

Hoje, podemos encontrar as criações de Joël Mône na região Rhône-Alpes assim como no Japão, em Singapura, no Canadá, na Espanha, no Cambodja, etc.

E a história não para por aqui, porque pela primeira vez desde sua criação original por Barrelon, o atelier Vitrail St-Georges de Joël Mône é assumido em 2010 por seu filho Jean, com a assistência de sua irmã Cécile. Uma bela maneira de perpetuar uma história quase legendária que se tornou recentemente uma história de família.

 

Fonte: l’ARAIRE www.araire.org

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